O papel das mídias sociais na comunicação científica – Et al. #284

Por Zeppelini Publishers (*)

Fenômeno mundial desde o seu surgimento, as mídias sociais emergiram, durante a pandemia de Covid-19, como uma força transformadora na comunicação científica.

As redes desempenharam papel crucial na divulgação e discussão de pesquisas e no esclarecimento da sociedade, principalmente contribuindo para combater a disseminação de fake news e informações distorcidas.

Esse processo se intensificou a ponto de cientistas, antes reclusos aos laboratórios ou à universidade, ou surgindo apenas como fontes da imprensa, se tornaram influenciadores digitais de destaque, criando canais e perfis de vídeos e podcasts, ou mesmo dando longas entrevistas aos mais variados podcasts.

Gente do porte do médico e cientista Miguel Nicolelis; da microbiologista Natalia Pasternak; da pneumologista Margareth Dalcolmo, pesquisadora sênior da Fiocruz; da infectologista Mirian Dal Ben, do Hospital Sírio-Libanês; e da infectologista Luana Araújo, coordenadora de políticas de saúde pública do Hospital Albert Einstein; além de epidemiologistas, virologistas e especialistas em saúde pública, fizeram a diferença para a disseminação de informações corretas.

A comunicação científica se valeu de plataformas como Twitter, Instagram, Facebook, TikTok e YouTube para disseminar informações científicas precisas e combater a desinformação.

Esses influenciadores ganharam destaque devido à sua capacidade de traduzir conceitos complexos em linguagem acessível, construindo pontes diretas entre a comunidade acadêmica e o público em geral.

As mídias sociais têm democratizado a divulgação científica, permitindo que pesquisadores compartilhem suas descobertas de forma imediata e interativa. Publicações acadêmicas, antes confinadas a revistas especializadas, agora alcançam audiências globais em tempo real.

Esta realidade não apenas aumentou a visibilidade e o impacto das pesquisas, mas também promoveu a transparência e a prestação de contas na comunidade científica.

Um dos maiores benefícios das mídias sociais na comunicação científica tem sido o engajamento do público. Nunca foi tão comum ouvir discussões sobre ciências até em mesas de bar.

Os cientistas passaram inclusive a responder diretamente a perguntas e preocupações do público, dissipando mitos e promovendo uma compreensão mais ampla da ciência. Esse diálogo bidirecional fortaleceu a confiança na pesquisa científica e encorajou o pensamento crítico entre os milhares de seguidores.

Apesar dos benefícios, as mídias sociais também apresentam desafios significativos para os cientistas. A simplificação excessiva de conceitos complexos certamente vai levar a equívocos ou interpretações erradas.

Além disso, a disseminação de informações não verificadas ou sensacionalistas pode minar a credibilidade da ciência. Os cientistas enfrentam a difícil tarefa de equilibrar a acessibilidade com a precisão, garantindo que suas mensagens se mantenham íntegras.

O impacto das mídias sociais vai além da divulgação científica; ele molda a agenda científica e influencia decisões políticas. Tópicos que recebem grande atenção nas redes sociais tendem a ganhar mais financiamento e apoio público.

Porém, esta situação pode distorcer prioridades de pesquisa e criar pressões indesejadas sobre os cientistas. Da mesma forma, debates polarizados online complicam o processo de formulação de políticas baseadas em evidências.

As mídias sociais facilitam a colaboração entre pesquisadores e a formação de redes acadêmicas globais. Plataformas como o ResearchGate (comunidade com 25 milhões de cientistas e 160 milhões de páginas) e o Academia.edu (258 milhões de usuários e 55 milhões de páginas) permitem que cientistas compartilhem pré-prints, troquem ideias e encontrem colaboradores para projetos interdisciplinares.

A disseminação rápida de informações nas mídias sociais levanta questões éticas sobre o uso responsável da tecnologia. Os cientistas precisam aderir a padrões éticos rigorosos ao comunicar suas pesquisas online, garantindo a integridade e a objetividade em suas interações públicas. Isso envolve transparência em conflitos de interesse, divulgação de fontes de financiamento e reconhecimento adequado de colaboradores.

À medida que as mídias sociais continuam a evoluir, seu papel na comunicação científica só tende a crescer. Estratégias inovadoras, como infográficos interativos, vídeos explicativos e chats ao vivo, estão transformando a maneira como o conhecimento científico é compartilhado e consumido.

Diversidade

Além dos benefícios já mencionados, as mídias sociais têm sido fundamentais na promoção da diversidade e inclusão na comunicação científica. Essas plataformas oferecem espaço para cientistas de diferentes origens e identidades compartilharem suas experiências e perspectivas únicas, enriquecendo o discurso científico.

Uma área de crescimento promissor é o uso de inteligência artificial e análise de dados nas mídias sociais para compreender melhor os padrões de comunicação científica. Algoritmos identificam tendências, medir o impacto das postagens e até prever o surgimento de novos temas de pesquisa com base nas interações online.

Assim, tornou-se ainda mais essencial que as instituições acadêmicas e os órgãos reguladores reconheçam o importante papel das mídias sociais na comunicação científica e desenvolvam diretrizes claras para sua utilização ética e responsável.

Afinal, as mídias sociais continuam a remodelar o ecossistema da comunicação científica, oferecendo novas oportunidades e desafios para pesquisadores e acadêmicos.

Ao abraçar as vantagens dessas plataformas de forma consciente e ética, esses cientistas influenciadores podem fortalecer sua conexão com o público, promover a compreensão da ciência e impulsionar a inovação no campo da comunicação científica.

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(*) Fundada em 2000, a Zeppelini Publishers atua no segmento editorial técnico e científico, atendendo empresas e organizações e desenvolvendo estratégias para todas as áreas da produção de publicações impressas e online.

Foto: Yuri Arcurs / Dreamstime.com 

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