A ciência moderna vive um paradoxo: nunca se produziu tanto conhecimento, mas a sua difusão e compreensão permanecem limitadas a nichos técnicos. Em grande parte, isso se deve à maneira como esse conhecimento é comunicado. Publicações científicas, tradicionalmente voltadas a públicos especialistas, ainda resistem à adoção de práticas editoriais que facilitariam a leitura, a compreensão e o impacto de seus conteúdos.
A forma como o conteúdo científico é apresentado — visual e estruturalmente — exerce uma influência decisiva sobre a experiência do leitor. Nesse contexto, o design editorial não é um detalhe estético, mas uma estratégia de comunicação científica que pode transformar a maneira como a ciência é consumida, compreendida e aplicada.
A leitura científica é, por natureza, uma atividade mentalmente exigente. O vocabulário técnico, as estruturas de frases complexas, os dados quantitativos densos e a necessidade de interpretação crítica formam uma barreira cognitiva que exige alto esforço do leitor. Isso afeta não apenas leigos, mas também acadêmicos experientes, sobretudo em áreas interdisciplinares.
Essa carga cognitiva elevada está bem documentada na teoria da cognitive load, desenvolvida por John Sweller, que mostra como o excesso de complexidade e a má organização das informações podem comprometer o aprendizado e a compreensão. Em artigos científicos, quando gráficos são mal rotulados, as tabelas pouco intuitivas e os parágrafos densos sem pausas visuais, o cérebro precisa gastar mais energia para “decodificar” o texto, reduzindo a retenção de conteúdo e aumentando o risco de abandono da leitura.
Nesse cenário, o design editorial atua como um mediador cognitivo. Ele não simplifica a ciência, mas a organiza e a torna mais acessível. Estruturar visualmente um texto com subtítulos claros, espaçamento adequado, destaques de ideias-chave e recursos visuais como gráficos explicativos ou infográficos reduz o esforço necessário para compreender a informação. E, ao contrário do que muitos pensam, isso não compromete o rigor científico — pelo contrário, valoriza-o.
Design editorial de destaque
Várias publicações internacionais e nacionais vêm demonstrando a importância de um design editorial sofisticado, voltando suas atenções à diagramação, infografia e legibilidade dos periódicos científicos.
A revista Nature, por exemplo, publica pesquisas de ponta e investe pesadamente em design editorial. Suas edições impressas e digitais usam hierarquia visual clara, imagens de alta qualidade e resumos visuais que facilitam a navegação. No ambiente online, a revista oferece gráficos interativos e vídeos explicativos que ajudam o leitor a compreender conteúdos complexos, como estruturas moleculares ou modelos climáticos.
Já a PLOS One (Public Library of Science), uma das maiores plataformas de ciência aberta do mundo, investe continuamente em melhorias visuais em seus artigos online. Recentemente, adotou ferramentas de navegação horizontal por seções, gráficos com legendas embutidas e resumos visuais das metodologias empregadas nos estudos.
Vanguarda no cenário brasileiro
No Brasil, a Zeppelini Publishers tem se destacado justamente por compreender que a qualidade editorial vai além da revisão gramatical e da checagem de normas técnicas. Entre os mais de 40 títulos produzidos em parceria com instituições de ensino e entidades de classe – como a Revista Paulista de Pediatria, os Arquivos Brasileiros de Cardiologia e os Arquivos Brasileiros de Ciências da Saúde –, destaca-se um design que, ao mesmo tempo, em que respeita as normas acadêmicas, aposta em recursos visuais e na organização funcional da informação.
“Enquanto os infográficos criados pela equipe editorial auxiliam na compreensão de processos complexos, como ciclos ecológicos, fluxos educacionais e dados estatísticos de impacto social, o uso consciente da cor, do espaçamento e da tipografia favorece uma leitura prolongada e confortável, sem sacrificar a seriedade científica”, detalha o diretor-executivo e editor da empresa, Marcio Zeppelini, reforçando que as capas das edições impressas e digitais refletem visualmente o tema central de cada edição, funcionando como uma introdução sensorial ao conteúdo.
“Essas estratégias tornam os periódicos da Zeppelini Publishers mais legíveis, atrativos e citados, demonstrando que o design, quando bem aplicado, contribui para o alcance e a longevidade da produção científica”, complementa o diretor administrativo-financeiro Mauro Zeppelini.
Inclusão científica
Outro aspecto frequentemente ignorado é o papel do design editorial na inclusão. Um artigo mal diagramado pode ser inacessível para pessoas com dislexia, com baixa visão ou mesmo para leitores cujo idioma materno não é o da publicação. Elementos como leitura escaneável, contraste adequado, tamanho mínimo de fonte e alternativas textuais para imagens são fundamentais para tornar a ciência verdadeiramente aberta.
Além disso, um bom design facilita a transposição do conhecimento para outros formatos: apresentações, podcasts, vídeos e materiais didáticos. Quando um artigo é bem estruturado visualmente, ele serve como base mais sólida para divulgação científica em múltiplas plataformas — uma demanda crescente na era digital.
Portanto, a comunicação científica eficaz começa na clareza do conteúdo, e termina na forma como ele é apresentado. A ciência deve ser precisa, sim — mas também precisa ser legível, acessível e interessante. A forma pode não ser mais importante do que o conteúdo, mas é o primeiro filtro entre a pesquisa e seu público.
Publicações como as da Zeppelini Publishers demonstram que é possível romper com o modelo editorial estagnado e avançar para uma ciência mais bem apresentada, mais bem compreendida e, portanto, mais eficaz. Ao considerar o design editorial como parte fundamental do processo de produção científica, damos um passo essencial rumo a uma ciência mais democrática, acessível e transformadora.
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(*) Fundada em 2000, a Zeppelini Publishers atua no segmento editorial técnico e científico, atendendo empresas e organizações e desenvolvendo estratégias para todas as áreas da produção de publicações impressas e online.
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