Por Zeppelini Publishers (*)
A revisão por pares é um dos pilares fundamentais da publicação científica. Este processo garante a qualidade, a precisão e a relevância dos artigos que chegam ao público acadêmico.
No entanto, nem sempre revisão por pares é isenta de desafios, sendo muitas vezes marcada por conflitos e frustrações tanto para autores quanto para revisores.
Nesse contexto, surge uma ferramenta inovadora e já considerada essencial para aprimorar a revisão por pares – a inteligência emocional, que promove um ambiente de feedback mais construtivo e empático.
Decerto, a comunidade cientifica sabe que a inteligência emocional acabará impulsionando o treinamento de revisores para desenvolver essa competência, uma vez que essa habilidade terá impactos na aceitação e rejeição de manuscritos.
Mas o que é inteligência emocional? É a capacidade de reconhecer, entender e gerenciar as próprias emoções e as emoções dos outros, desempenhando um papel decisivo nas diversas interações interpessoais.
Na área de revisão por pares, essa habilidade pode ser determinante para transformar um processo frequentemente tenso e negativo em uma oportunidade de crescimento e aprendizado mútuo.
Revisores emocionalmente inteligentes são capazes de fornecer feedbacks que não apenas apontam falhas e pontos de melhoria, mas que também reconhecem e valorizam os pontos fortes dos manuscritos.
Eles compreendem que os autores investiram tempo e esforço significativo em suas pesquisas e, portanto, abordam suas críticas com sensibilidade e respeito. São, inclusive, mais conscientes de seus próprios preconceitos e são capazes de mitigá-los, oferecendo avaliações mais objetivas e imparciais.
Isso cria um ambiente mais acolhedor e encorajador, onde os autores se sentem motivados a aprimorar seu trabalho em vez de desanimados pelas críticas recebidas.
Além disso, a aplicação da inteligência emocional no processo de revisão minimiza o impacto negativo que uma rejeição pode causar.
Ao oferecer críticas construtivas e encorajadoras, os revisores ajudam os autores a entender que a rejeição de um manuscrito não é reflexo de sua competência ou seu valor pessoal, mas sim uma parte natural do processo científico que visa à melhoria contínua.
Treinamento em IE
Implementar programas de treinamento em inteligência emocional traz inúmeros benefícios para o processo de revisão por pares, como o desenvolvimento de habilidades de comunicação mais eficazes para revisores, permitindo que suas críticas sejam transmitidas de maneira clara e construtiva, feedbacks mais equilibrados e justos.
Podem ser incluídos workshops, seminários e módulos online que abordam diversas habilidades emocionais e sociais. Esses treinamentos trazem técnicas de escuta ativa, comunicação assertiva, gestão de conflitos e empatia.
Além disso, podem ser incluídas sessões práticas onde revisores simulam o processo de revisão, recebendo feedback sobre sua abordagem e estilo de comunicação.
Aceitação e rejeição
A aplicação da inteligência emocional na revisão por pares certamente terá um impacto direto na taxa de aceitação e rejeição de manuscritos.
Revisores treinados em IE, por exemplo, tendem a fornecer avaliações mais detalhadas e úteis, que contribuem significativamente para a melhoria dos manuscritos.
Além de elevar a qualidade das revisões, a inteligência emocional também promove uma percepção mais positiva do processo editorial. Isso aumenta as chances de que os manuscritos inicialmente rejeitados sejam revisados e novamente submetidos com sucesso.
Evolução
A integração da inteligência emocional no processo de revisão por pares representa uma evolução significativa na publicação científica. Treinar revisores para desenvolver competências emocionais pode transformar a dinâmica da revisão, tornando-a mais construtiva, empática e eficaz.
Investir na inteligência emocional não é apenas uma questão de melhorar o processo de revisão por pares, mas também de promover uma cultura acadêmica mais colaborativa e respeitosa.
Acelere os efeitos da IE
+ O avanço da inteligência emocional na revisão por pares não deve parar no treinamento inicial dos revisores, mas os periódicos científicos devem adotar sistemas contínuos de apoio e desenvolvimento.
+ Pode-se incluir feedback regular dos autores sobre a qualidade das revisões recebidas, bem como avaliações periódicas dos revisores por parte dos editores.
+ A criação de comunidades de prática, onde revisores possam compartilhar experiências e discutir desafios, é uma ferramenta poderosa para o crescimento contínuo.
+ Plataformas online e fóruns de discussão servem como espaços para que revisores troquem insights e melhores práticas, fortalecendo a comunidade científica.
+ A incorporação da inteligência emocional no processo editorial pode redefinir os padrões de interação na ciência, abrindo caminho para um ambiente de respeito, aprendizagem e inovação, para um mundo mais interconectado e colaborativo.
Esses e outros aspectos são passos essenciais para assegurar que a ciência continue a evoluir e prosperar, em um mundo cada vez mais dividido e negacionista.
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(*) Fundada em 2000, a Zeppelini Publishers atua no segmento editorial técnico e científico, atendendo empresas e organizações e desenvolvendo estratégias para todas as áreas da produção de publicações impressas e online.
Foto: Frank Harms / Dreamstime