Capacitação de editores e revisores cria escudo contra fraudes – Et al. #313

Em tempos de inteligência artificial, o papel de editores e revisores (de carne e osso) de publicações científicas nunca foi tão fundamental para a qualidade e a credibilidade daquilo que é publicado.

No entanto, a crescente complexidade da produção científica, aliada à pressão por publicações rápidas e volumosas, exige que esses profissionais estejam constantemente capacitados para enfrentar desafios, incluindo a identificação de fraudes em dados e plágios.

Por isso, é cada vez mais necessária a existência de programas de treinamento voltados para editores e revisores, destacando critérios e boas práticas essenciais para fortalecer a integridade da ciência.

Editores e revisores desempenham funções complementares, mas cruciais, no processo de publicação científica. O editor atua como um gestor editorial, tomando decisões estratégicas sobre o escopo do periódico, políticas editoriais e aceitação de manuscritos. Já os revisores, por meio da revisão por pares, avaliam criticamente os artigos submetidos, fornecendo pareceres que subsidiam as decisões editoriais.

Entretanto, as responsabilidades vão além da avaliação técnica. Cabe a esse time garantir que os manuscritos sejam éticos, originais e relevantes. Essa tarefa se torna ainda mais desafiadora em um cenário onde fraudes, como manipulação de dados e submissões duplicadas, estão em ascensão.

Segundo um estudo da Retraction Watch, o número de artigos retratados por más condutas cresceu mais de dez vezes nas últimas duas décadas, evidenciando a necessidade de medidas preventivas robustas.

Necessidade urgente

Apesar de sua importância, muitos editores e revisores assumem suas funções sem treinamento formal, o que pode comprometer a qualidade da revisão e a capacidade de identificar irregularidades. Programas de capacitação surgem como uma solução indispensável para preparar esses profissionais. Tais treinamentos devem abordar, entre outros tópicos:

Fundamentos da publicação científica: Políticas editoriais, ética na publicação e critérios de aceitação de manuscritos.

Boas práticas de revisão por pares: Métodos para garantir uma avaliação imparcial, estruturada e construtiva.

Ferramentas tecnológicas: Uso de softwares antiplágio, como iThenticate e Turnitin, e plataformas de gerenciamento editorial, como ScholarOne e OJS.

Identificação de fraudes: Capacitação para detectar manipulação de imagens, resultados fabricados e autoria falsa.

Comunicação e feedback: Técnicas para oferecer pareceres objetivos e educacionais, promovendo a melhoria contínua dos autores.

Instituições como a COPE (Committee on Publication Ethics) oferece cursos e guias voltados para editores e revisores. Entretanto, ainda há uma lacuna na adesão ampla desses recursos, especialmente em países em desenvolvimento.

Critérios e boas práticas

A revisão por pares é frequentemente criticada por falhas como parcialidade e inconsistência. Para mitigar esses problemas, é essencial que revisores sigam critérios rigorosos e boas práticas:

Confidencialidade: Informações contidas nos manuscritos devem ser mantidas em sigilo absoluto.

Objetividade: As críticas devem ser embasadas em critérios técnicos, evitando julgamentos pessoais.

Prazos: O cumprimento deles é essencial para evitar atrasos no processo editorial.

Foco na originalidade e integridade: Verificar se o artigo apresenta contribuições inéditas e avaliar possíveis sinais de plágio ou manipulação de dados.

Feedback construtivo: Oferecer sugestões que ajudem o autor a aprimorar o trabalho, mesmo que o artigo seja rejeitado.

Além disso, revisores devem ficar atentos a sinais de fraude, como gráficos duplicados ou dados que parecem bons demais para ser verdade. Estudos sugerem que a formação de revisores em análise estatística é particularmente útil nesse aspecto, pois muitas fraudes são realizadas em níveis numéricos e estatísticos.

Fraudes e plágios são ameaças constantes à integridade científica. Plágio textual pode ser detectado com relativa facilidade por softwares, mas outros tipos de má conduta, como falsificação de dados, exigem habilidades mais sofisticadas. De acordo com um relatório da COPE, mais de 20% dos editores entrevistados indicaram dificuldade em lidar com fraudes complexas.

Programas de treinamento que combinam análise técnica e o uso de tecnologia são essenciais para capacitar revisores a enfrentar essas situações. Além disso, a colaboração internacional entre periódicos ajudará certamente a criar bancos de dados compartilhados, facilitando a identificação de autores reincidentes.

Como se sabe, a ciência prospera na confiança. Garantir que os responsáveis pela avaliação e publicação dos artigos científicos sejam altamente qualificados e éticos é, portanto, uma responsabilidade compartilhada por toda a comunidade acadêmica.

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(*) Fundada em 2000, a Zeppelini Publishers atua no segmento editorial técnico e científico, atendendo empresas e organizações e desenvolvendo estratégias para todas as áreas da produção de publicações impressas e online.

Foto: Alphaspirit / Dreamstime.com

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