Classificação centrada no artigo científico iguala avaliação da pós-graduação brasileira à realidade global – Et al. #311

A ciência é mesmo um ente em constante transformação. O mais recente movimento ocorreu ainda no ano passado, quando a Capes anunciou uma reformulação significativa na avaliação quadrienal dos programas de pós-graduação stricto sensu no Brasil.

A partir do ciclo 2025-2028, a classificação da produção intelectual será centrada nos artigos científicos, e não mais exclusivamente nos periódicos em que os textos foram publicados.

Essa mudança é bastante positiva para estimular o avanço da ciência no país, uma vez que marca uma transformação na metodologia de avaliação da produção científica nacional e promete trazer mais precisão e relevância ao sistema.

Fim do Qualis

Até o ciclo avaliativo de 2021-2024, o sistema Qualis Periódicos era o principal critério para classificar revistas científicas, organizando-as em estratos com base na qualidade percebida dos periódicos. E, diga-se de passagem, cumpriu bem seu papel, mas era necessário haver uma nova sistemática. No caso, a avaliação centrada no artigo.

A decisão adapta a realidade brasileira a uma demanda global por métricas mais contemporâneas e aderentes à realidade científica mundial. Partindo dessa premissa, concordamos com o diretor de Avaliação da Capes, Antonio Gomes de Souza Filho, para quem, o novo modelo “redireciona o olhar e a classificação para o artigo, que passa a ser o elemento central”.

Avaliação de artigos

A nova metodologia inclui três abordagens complementares para a classificação de artigos, possibilitando que cada uma das 50 áreas de avaliação da Capes escolha a que melhor se acomoda às suas especificidades ou combine diferentes estratégias:

Indicadores bibliométricos dos veículos de publicação: Similar ao método atual, considera o desempenho da revista onde o trabalho foi publicado, mas com foco específico no artigo individual.

Indicadores diretos do artigo: Essa abordagem avalia métricas específicas de cada texto, como o número de citações, critérios de indexação e acesso aberto, proporcionando uma análise quantitativa e qualitativa mais detalhada.

Análise qualitativa do conteúdo: Baseada em fatores definidos por cada área de avaliação, pode incluir a pertinência do tema, o avanço conceitual gerado pelo trabalho e sua contribuição científica.

Os documentos orientadores detalhando essa nova abordagem serão divulgados em março, esclarecendo os critérios que regerão o próximo ciclo avaliativo.

Impactos e benefícios

Essa reformulação é um avanço importante para o sistema de avaliação brasileiro. A nova abordagem permitirá à comunidade científica ter uma visão mais precisa do impacto e da relevância dos trabalhos publicados.

A flexibilização do modelo contribui para uma avaliação mais justa e detalhada, permitindo, por exemplo, que artigos publicados em um mesmo periódico tenham classificações diferentes, dependendo da qualidade e do impacto individual.

Embora a proposta represente um avanço, a transição para o novo modelo pode enfrentar desafios, como a adaptação dos programas e pesquisadores às novas regras. Além disso, será crucial garantir que as áreas de avaliação disponham de ferramentas adequadas para aplicar os critérios definidos de forma objetiva e transparente.

A mudança coloca o Brasil em sintonia com práticas internacionais, onde a análise individual da produção científica já é amplamente adotada. Com essa inovação, espera-se que a qualidade e a relevância da produção acadêmica brasileira sejam ainda mais valorizadas, fortalecendo a contribuição do país no cenário global.

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Foto: Gradts / Dreamstime.com

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