Diversidade e inclusão na publicação científica: caminhos para uma ciência mais equitativa — Et al. #297

Tradicionalmente reconhecida como um dos pilares do progresso e do conhecimento, a publicação científica reflete as estruturas e os desafios sociais existentes.

No entanto, à medida que o mundo se torna cada vez mais consciente das questões de diversidade e inclusão, cresce a percepção de que essas práticas são essenciais não apenas na sociedade, mas também na produção acadêmica.

A promoção da diversidade e inclusão na cadeia produtiva das publicações científicas é uma tarefa urgente, que envolve abordar a sub-representação de gênero, raça e etnia entre autores, revisores e editores.

A ciência, historicamente dominada por homens brancos de países desenvolvidos, traduz as profundas disparidades de representação. Estudos indicam que mulheres, pessoas negras, indígenas e outros grupos marginalizados estão sub-representados como autores de artigos científicos.

Este processo é ainda mais evidente nos papéis de editores e revisores, em que a diversidade aumentaria certamente as chances de que diferentes perspectivas fossem consideradas.

A falta de diversidade não só limita o escopo das questões abordadas nas pesquisas, como também perpetua desigualdades, ao marginalizar vozes e conhecimentos que poderiam enriquecer a ciência.

A sub-representação está intrinsecamente ligada a barreiras sistêmicas, como o acesso desigual à educação de qualidade, redes profissionais e financiamento para pesquisa.

Esses fatores estruturais criam um ciclo vicioso, em que os grupos marginalizados têm menos oportunidades de publicar, rever ou editar artigos científicos, perpetuando sua exclusão do discurso acadêmico dominante.

Impacto na qualidade científica

Diversidade e inclusão não são apenas questões de justiça social; elas impactam diretamente a qualidade da ciência produzida. Pesquisas mostram que grupos variados tendem a gerar soluções mais inovadoras e abrangentes, pois diferentes experiências e perspectivas levam a uma análise mais rica e crítica dos problemas.

Na publicação científica, a inclusão de revisores e editores de diferentes origens é capaz de mitigar vieses inconscientes e melhorar a avaliação dos trabalhos, garantindo que as pesquisas sejam mais robustas e aplicáveis a diferentes contextos sociais.

Além disso, a representatividade entre autores e revisores aumenta a relevância das questões pesquisadas. Quando diferentes grupos têm a oportunidade de contribuir com a ciência, novos temas, até então negligenciados, emergem, ampliando o impacto social e a aplicabilidade dos estudos.

A inclusão na ciência, além de ser uma questão ética, é uma estratégia para fortalecer a pesquisa e promover o progresso científico de maneira mais abrangente e justa.

Diversidade e inclusão

A promoção da diversidade na publicação científica requer um esforço coordenado de diversas partes interessadas, incluindo universidades, agências de financiamento, sociedades científicas e editoras acadêmicas.

Algumas ações concretas incluem a adoção de políticas editoriais que incentivem a submissão de trabalhos por grupos sub-representados, a promoção de programas de mentoria para novos autores de minorias e a inclusão de treinamentos sobre vieses inconscientes para editores e revisores.

A criação de bancos de dados que reúnam pesquisadores de diferentes origens pode facilitar a seleção de revisores diversos, enquanto a transparência nos processos editoriais eleva a confiança na imparcialidade das revisões.

Além disso, o compromisso das revistas com a publicação de dados demográficos de autores e revisores ajuda a monitorar o progresso e identificar áreas que ainda necessitam de melhorias.

Inovação e representatividade

A diversidade e a inclusão na publicação científica são fundamentais para a construção de um conhecimento mais rico, inovador e representativo. Superar as barreiras que impedem a plena participação de grupos sub-representados é um desafio complexo, mas essencial para o avanço da ciência.

Da mesma forma, a promoção de políticas e práticas inclusivas, a partir de uma visão clara das desigualdades existentes, tem forte potencial para transformar a paisagem da publicação científica, permitindo que a ciência cumpra seu papel de servir a toda a humanidade, sem exclusões.

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Foto: Designer491 / Dreamstime

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